CANADAPRESS

segunda-feira, abril 30, 2007

A vida voltou ao normal

Ontem fez um ano que eu cheguei em terras canadenses. E o que eu sinto depois de um ano? Que “a vida voltou ao normal”. E acho que a vida voltar ao normal é o curso natural de quem chega aqui. O primeiro ano é muito turbulento, cheio de novidades: procura apartamento, aprende a língua, procura emprego, conhece a cidade, tira documentos, enfim, tudo o que você viveu em sei lá quantos anos você tem que fazer em dias, em meses. É uma loucura total, a luta diária para dar certo, afinal, esse é o grande objetivo: se estabelecer, se sentir confortável.

Depois de um ano, essa loucura acaba. Volta a loucura da rotina: de cuidar de casa, de trabalhar duro (mas nem tanto), de pegar o busão e fazer o mesmo caminho todo dia, de ir em um lugar que não é mais desconhecido, de saber onde ir para conseguir o que quer. Depois de um ano, você já sabe como enfrentar a saudade de casa, dos amigos, mesmo porque você já tem uma nova casa, e novos amigos. Você sabe que o inverno não vai te matar nem fazer você pegar as malas e voltar para o Brasil (embora vontade não falte) porque você sabe que não vai ser assim o ano inteiro, e que a beleza de ter quatro estações definidas, e fazer coisas diferentes em cada uma delas é muito legal.

Acho que sentir que a vida voltou ao normal é saber que dei certo. Que estou conseguindo o que queria quando decidi deixar tudo para trás e vir atrás do desconhecido, do novo, tentar uma vida melhor, com mais qualidade, mais oportunidade. Mas, saber que a vida voltou ao normal é também saber que ainda tem muita coisa pela frente, e que vale a pena pagar para ver.

terça-feira, abril 24, 2007

Mais uma da série "Moradia"

No post anterior, falei de onde eu moro, e agora pensei em falar de como morar... Sorry por falar isso, mas os apertamentos aqui são caros e apertados. Essa foi a minha primeira decepção quando cheguei aqui e fui ver apartamentos. Estava com a Janet (corretora “oficial” dos BFNY – Brazucas Felizes de North York) e a única coisa que conseguia falar era: aqui não cabe uma cama de casal!!!!!!!!!! Ela me garantiu que cabia, e era verdade – coube. Não me perguntem quantos m² tem o apê pq eu não sei, não faço idéia, essa pergunta é muito técnica para minha pessoa. Sei que é parece pequeno à primeira vista e com o tempo a certeza se confirma – mas você se acostuma.
O principal problema dos apês aqui é a má distribuição. Não sei se arquitetura é profissão em demanda, mas que eles precisam de uns arquitetos mais inteligentes, isso precisam. Eu dei sorte e acabei pegando um relativamente bem distríbuido, consegui aproveitar bem o espaço.
Para mim, a maior dificuldade do meu apê são os armários (ou a falta deles) – os apês geralmente tem um armário daqueles “furados” na parede dentro de cada quarto e um closet na entrada. E mais nada. Para melhorar, as opções de móveis são poucas, e o espaço que sobra depois que coloca a cama, pequeno. Esses dias mesmo fomos na Ikea para ver o que conseguiremos fazer, já que precisamos de mais espaço mas, como eu disse, é bem complicadinho. Também não temos lugar para colocar o computador, que fica sempre jogado perto de onde sentamos. Na cozinha também falta um pouco de armário, mas nada que seja tão incômodo. Na maioria dos prédios existem lockers na garagem, e vc pode alugar quando eles não vem inclusos no seu aluguel. Lá eu deixo as minhas malas, coisas que não posso/ quero jogar fora e que não cabem no ape. É uma solução para o problema de espaço, a única coisa chata é que toda vez que quiser algo tem que ir no subsolo buscar.
Outra opção, mas que também custa mais caro, 1 bedroom+1 den(1+den) ou de dois quartos (1+1). O meu é de 1 bedroom (sala, quarto, cozinha americana e banheiro). O den é um meio quarto, sem janela, que geralmente é usado para fazer de escritório e quartinho de bagunça. Nós pensamos em mudar para um desses quando nosso contrato vencer, mas fizemos as contas e acabamos desistindo. Acaba saindo uns $250 mais caro, que no final do ano representam as passagens para o Brasil.
Qual a melhor opção? Não sei, depende de você. Decidimos pagar mais caro no começo e morar em uma área melhor, com mais infra estrutura, mas agora decidimos que nossa necessidade não é um apartamento maior, mas sim economizar para outras coisas.

domingo, abril 22, 2007

City is back to life

Canadense adora falar sobre o tempo. Ou para reclamar que está cinza, que tá muito quente, que nevou demais, que o dia está bonito, enfim... E claro que aqui não dá para ser diferente, ainda mais quando a estação muda (na prática!). A primavera começou na teoria há um mês atrás, mas até agora não tinha visto muita diferença. No começo dessa semana, o Weather Network espalhou um boato que a temperatura iria chegar nos 18 graus durante o fim de semana... E não foi que passou??????????????? O TEMPO ESTÁ ESQUENTANDO!!!!!!!!!!!!!

Essa semana podemos entender exatamente o porque o povo daqui é tão desesperado quando chega o verão pois sentimos na pele o que são 6 meses de inverno de verdade. É um alívio tão grande, um desespero para fazer qualquer coisa lá fora! Eu que tive a sexta de folga, já comecei aproveitando... Fui cedinho fazer meu teste para tirar a carteira de motorista (q eu vou contar em um post, prometo!) e depois fui andar pela cidade inteira. Ontem, junto com mais da metade de Toronto, fomos andar de bike e hoje fomos dar mais umas voltas, tomar um brunch no pátio, sorvete, passear, enfim, a regra era sair de casa!

É impressionante como a cidade é outra, as pessoas são outras... As ruas estão cheias, a sorveteria tem fila, os pátios cheios, lotado de gente tomando cerveja e iced cappucino. Todo mundo sorrindo, mais gentil, mais animado! Até os chinelos com calça estão de volta. Mas, dessa vez, até eu tô quase aderindo... Afinal, calor nessa terra só tem 4 meses por ano!!!!!!!

quarta-feira, abril 18, 2007

North York

Como pedi sugestões de posts, nada mais justo do que atender... Vou começar falando sobre onde morar – que aliás eu já devia ter escrito há tempos atrás, rs. Antes de sair do Brasil, já tínhamos decidido que iriamos alugar um apartamento e não uma casa, e de preferência bem perto do metrô. Motivo: não conhecíamos o inverno canadense, e achamos que não seria uma boa arriscar morar em uma casa mais afastada, tendo que tirar a neve da calçada e ficar esperando o busão no frio. Pesquisamos algumas coisas pela net, nada muito sério, afinal, não sabiamos onde ficava cada região, como as coisas funcionavam, etc, etc... Existem coisas que por mais que vc pesquise, só descobre quando chega. E como o Cleber chegou primeiro, foi descobrindo essas coisas. A segunda coisa que ele descobriu foi que existiam apês com acesso subterrâneo para o metrô, ou seja, não precisava sair no frio para sair de casa.
Depois de rodar por alguns bairros, ele achou North York. A vizinhança é excelente: duas estações de metrô, dois mercados, dois cinemas, lojas, restaurantes, pubs, cafés, enfim, tudo que possa imaginar a menos de 5 minutos andando. Ontem, por exemplo, saímos do cinema eram 23:50h e quando era meia noite já estava em casa com o pãozinho fresco (comprado no Tim Hortons 24horas) para o dia seguinte. Outro dia era mais de meia noite e resolvemos que queríamos ir em algum barzinho – foi só trocar de roupa e pegar o elevador e andar a mesma distância que andaríamos do estacionameto até o buteco em SP. Isso sem contar o acesso subterrâneo – se eu decidir sair de casa entre 6h e 22h30 e não quiser sair na rua, eu não preciso. Tanto que durante o inverno nossa rotina não mudou em nada – tinha dias que as ruas estavam cobertas de neve e eu ia no mercado tranquilamente. Outra vantagem é que os prédios nessa região são novos e vem com todos os eletrodomésticos que precisamos e que fazem a vida mais confortável: geladeira, fogão, lava louças, lavadora de roupas e secadora, além de ar condicionado. Além disso, a maioria deles tem piscina, sala de ginástica, bilhar e salão de festas. Nem todos tem o acesso subterrâneo, mas são perto do metrô do mesmo jeito.
Esse é o único bairro que eu posso falar com conhecimento de causa. Estamos acomodados em North York e não pensamos em mudar tão cedo, porque, além das vantagens da localização, tem uma turma de brasileiros bem boa que mora no mesmo conjunto de prédios, ou no máximo do outro lado da rua. Já disse que morar aqui é priceless (até o dia que me corrigiram dizendo o valor do aluguel, rs...) Mas, compensa, e pagamos cada centavo do aluguel com gosto!
Acho que para quem está no Brasil e quer começar a ter idéias, use o Google maps – Toronto está super bem coberta por essa ferramenta - em conjunto com o mapa do TTC (Toronto Transit Commision) e com isso você vai poder ter uma idéia de onde fica o imóvel, o que tem na vizinhança, e principalmente, como é o transporte público na região!

PS: Finalmente consegui atualizar a lista de blogs e passar visitando e comentando os blogs vizinhos... Desculpem pela demora, mas acho que agora eu me organizo!!!!!

quinta-feira, abril 12, 2007

3 dias a 1000!!!!!

Agora que o mal humor já passou, vou contar como foi a viagem e o que conhecemos. Em primeiro lugar, o roteiro vale muito a pena, seja lá como você decida ir. Já estamos planejando repetir a dose no verão, mas de carro/ trem durante uns 5 dias com papis e mamis :)

Saimos daqui na sexta bem cedinho e fomos para Kingston, uma cidade que eu não tinha nem idéia - apesar de ter sido a primeira capital do Canadá, e tem prédios com arquitetura antiga lindissímos! Vale a pena gastar umas duas horas dando uma volta pela cidade e conhecendo o antigo parlamento, a estacao de trem, etc… Nós ficamos só 30 minutos, rs.

De lá fomos para Ottawa, e a primeira parada foi no Parlamento (nesse só nos deram 15 minutos, terrível - acabei de descobrir que tinha até tour!), em seguida no Museu da Civilização (que não entramos – mas vale a pena dar uma paradinha para fotos – o local fica nas costas do Parlamento) e depois para o Royal Mint, a casa da moeda aqui. Detalhe: essa unidade só faz moedas de coleção, então não espere ver as máquinas funcionando a todo vapor, imprimindo notas e fazendo moedas. A real “fábrica” de dindin canadense fica em Manitoba. Essas foram as atrações em Ottawa, mas sabemos que tem bem mais...

Chegamos em Montréal à noite, e fomos jantar com uns amigos no Hard Rock, que fica em uma rua bem agitada, cheia de baladinhas. Para quem gosta, vale a pena. No dia seguinte fomos visitar a Catedral de São José, enorme, vc consegue ver a basílica de quase todos os lugares em Montreal. Em seguida, Catedral de Notre Dame – simplesmente uma das igrejas mais bonitas que eu já vi. De lá, corremos para o Parque Olímpico de Montréal visitar o Biodome, um zoológico dentro de um dos estádios que foram utilizados nas olímpiadas em 1976 e o estádio olímpico que tem uma torre com uma vista bem legal! Pausa rápida para o almoço - "não esqueça de ir ao banheiro e não se atrase" (como eu detestei aquele guia!!!)

Chegamos em Quebéc no fim da tarde, e tivemos duas horas livres… Foram, sem dúvida, as duas melhores horas da viagem… hahahaha…. Passeamos pela Old City, linda, e para melhorar o tempo estava colaborando (foi a única vez que saiu um solzinho): sol e muita neve no chão. Aliás, isso é curioso: já estamos em Abril e semana passada tivemos uma nevasca, que atacou principalmente as bandas de Quebéc. Sorte nossa, que tivemos uma paisagem mais bonita (nesses meses de março e abril a paisagem é meio sem graça: não tem mais neve e as flores/árvores ainda estão se recuperando). Ficamos hospedados na “nova” cidade, mas não conhecemos nada por lá a não ser a avenida principal, que liga a Old City até o centro, rs…

Domingo saímos bem cedo, e voltamos para Kingston, fazer um passeio de barco pelas 1000 Ilhas. É um pedaco do Rio Sao Lourenço que tem várias ilhotas - a maioria delas com casas de veraneio… O passeio é bem legal, mas eu acho que seria mais legal ainda poder tirar umas férias em uma dessas casinhas. Algumas ilhas interessantes: uma que tem a menor ponte internacional do mundo (uma ilha que fica do lado canadense é ligada a outra ilha - que fica a menos de 5 mts - nos território americano), uma que parece que a casa foi "plantada" na ilha, e é chamada de "ilha da sogra", e uma outra, em formato de coração e que tem um castelo lindo e uma história triste (que eu não vou contar senão ninguém vai ter paciência de ler o post). Depois disso, sentamos no busão e dormimos até chegar em Toronto. Cansou, eh?

terça-feira, abril 10, 2007

Excursão??????? NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOO!!!!!!!

Essa foi a Páscoa com menos cara de Páscoa que eu ja passei na vida!!!!!!!!!!!!! Para começar, aqui quase não rola ovo de Páscoa – apesar de ter mais chocolates do que normalmente nas prateleiras, o tradicional ovo nao faz muito sucesso por aqui (a não ser o Kinder ovo - não sei qual é a graça, rs). Melhor para mim, que não sou “obrigada” a comer aquele monte de chocolate :)

Outro motivo foi porque acabamos nos enfiando em uma EXCURSÃO cheia de chineses!!!!!!!!!! Bom, a falta de carro, motorista, tempo, dinheiro e a vontade de ir viajar nos levou a isso. Desde que estamos aqui, ainda nao tinhamos ido em nenhuma outra cidade, a nao ser Niagara, e queríamos conhecer Ottawa, Montréal e Quebéc. O primeiro plano era passar 5 dias fazendo essa viagem de carro, por nossa conta. Mas, com imprevistos daqui e dali, resolvemos pegar uma excursão "Xing Ling". Hoje já estou dando risada, mas passei alguns estresses na viagem. Estou acostumada a viajar por conta, parar o tempo que eu quiser em cada lugar, e ir onde eu quero. E excursão não é assim… vc tem um roteiro, tempo determinado em cada lugar, enfim. Achei que podia lidar bem com isso, mas o guia mal educado e a desorganização da empresa me tiraram do sério. Entrei no busão sem ter ideia de qual seria o programa - sabia para quais cidades iria, mas não tinha idéia de quando nem que horas, nem como podia fazer – por exemplo, ir para um lugar e encontrar o grupo em outro ponto mais tarde. No final, sabíamos só no dia o que faríamos. Fora isso, parece que meio mundo teve a mesma idéia que nós (fazer excursão), e todos os lugares estavam lotadésimos: era fila para banheiro, para comer, para tirar foto, etc, etc… Só a empresa que fomos tinha 5 ônibus! Posso dizer que foi uma experiência única: para fazer uma única vez na vida!!!!!!! Mas, apesar do trauma, sobrevivemos.

Acabou valendo a pena porque gastamos pouco (ainda bem!) e agora podemos ter uma idéia do que queremos conhecer em cada cidade. Quero fazer essa viagem de novo, mas dessa vez durante uma semana (quem sabe em breve com a mama e papis), e sem ninguém para falar onde eu tenho que ir ou que horas eu posso ir no banheiro (essa era uma das obsessões do guia: qualquer parada ele mandava ir no banheiro - irritante, rs).

Mas, para compensar, ontem foi ponto facultativo, e nem eu nem o Cleber tivemos que trabalhar e fomos no bairro português nos esbaldar de comer!!!!!!!!!!

No próximo post eu falo um pouco do roteiro e de cada cidade.

segunda-feira, abril 02, 2007

Survival or not survival?

Hoje resolvi por meu bloglines em ordem, e passar pela blogosfera para saber o que está rolando... E quem sabe achar assunto para um post, já que isso é produto em falta por aqui. Se tiverem idéias de posts, de coisas que querem saber, falem que eu escuto e escrevo, rs. Mas, eu preciso de idéias, rs... Mas, graças as futuras imigrantes Ju e Jeanne (que falaram bem de leve sobre esse assunto), eu resolvi fazer esse post para falar sobre "survival jobs".

Antes de vir para cá, todas as opções possíveis e imagináveis passaram pela minha cabeça. Tentei descobrir sobre survivals, pensei em aprender a fazer unha, cabelo, faxina, whatever... Acabou que eu enrolei e não aprendi nada de novo no Brasil que eu pudesse fazer de bico aqui enquanto não arranjava um trabalho, ou quem sabe mudar de carreira, embora não me visse fazendo nada disso. Hoje, olhando para trás, vejo que foi o melhor que eu fiz. Claro que conhecimento nunca é desperdiçado, mas teria investido um tempo e dinheiro desnecessários.

Claro que algumas áreas são mais difíceis do que as outras, mas uma coisa que eu comecei a pensar enquanto escrevia isso era: o que é survival para você? Na minha cabeça, survival era trabalho braçal, linha de produção, qualquer coisa que não precisasse de qualificação. Hoje minha mentalidade mudou um pouco, e se for pensar bem, um dos meus trabalhos é survival. Mas, é um survival que está me dando contatos e experiência. Mas, em termos de salário é como se eu fosse uma estagiária. Ou uma camareira de hotel. Qual desse me dá mais chances para o futuro?

Acho que o grande lance para dar certo nesse sentido é fazer sua lição de casa: pesquise como anda o mercado de trabalho para a sua área e o que pode fazer como opção - não saia totalmente do que você quer fazer. Prepare-se para ficar uns 6 meses investindo em você. Vá fazer os cursos do governo, se inscreva em um coop assim que chegar, faça voluntário, ganhe a tal canadian experience. Se precisar mesmo de ganhar uns trocos, vá tentar lojas de shopping, telemarketing - são empregos mais fáceis de arrumar part time, e que você pode treinar o seu inglês e se for cara de pau, arrumar alguns contatos. Afinal, "somos brasileiros e não desistimos nunca"